Especialista em agronegócios, o banco Rabobank divulgou, no final do ano passado, um estudo sobre as perspectivas para o setor leiteiro em 2021. De acordo com a publicação, a perspectiva global para o setor de lácteos é otimista, graças aos fortes preços das commodities, crescimento econômico previsto em muitas regiões e melhoria do sentimento do consumidor, influenciado, entre outros, pelo avanço das vacinas contra o covid-19.
Por outro lado, o crescimento mundial da produção de leite deverá ser moderado em 2021, após um forte crescimento em 2020, com previsão de crescimento de cerca de 2,7 bilhões de litros de leite equivalente em comparação com 4,5 bilhões de litros em 2020.
Segundo o Rabobank, o crescimento da produção de leite entre os sete grandes exportadores de lácteos globais (Nova Zelândia, Brasil, Argentina, Uruguai, UE, EUA e Austrália) surpreendeu em 2020, alcançando o nível mais alto desde 2017, porém o crescimento da oferta agora deve desascelerar em todas as regiões exportadoras.
O estudo também aponta que a União Europeia e a América do Sul devem ter as maiores desacelerações no próximo ano, com a produção na Oceania devendo se manter estável.
Importações chinesas
Conforme divulgado pelo portal Milkpoint, o relatório indica que as importações de lácteos chinesas devem diminuir em 2021, com a produção de leite na China projetada para aumentar cerca de 6% no início do ano e 6,5% no segundo semestre de 2021.
“Isso se baseia em grande parte no impulso de curto prazo das fortes exportações de novilha da Oceania para a China. Entretanto, o crescimento da produção em longo prazo dependerá dos investimentos contínuos no setor de lácteos com base na maior lucratividade”, afirma a publicação.
A alta produção de leite e o crescimento moderado da demanda sugerem importações mais fracas de lácteos em 2021, e os estoques domésticos mais altos na China também podem limitar o comércio.
Desafios do mercado
A recuperação econômica e o impacto de menos intervenção governamental determinarão a força da demanda global de lácteos até o início de 2021 - com os governos de todo o mundo inevitavelmente tendo que reduzir as compras de lácteos e também os pagamentos em dinheiro para apoiar os consumidores, disse o relatório.
Além disso, os impactos da segunda onda de covid-19 e o lockdown na Europa e nos EUA podem ter um efeito significativo na demanda de serviços de alimentação no primeiro trimestre de 2021, se forem estendidos. No entanto, as vendas no varejo devem se fortalecer ainda mais à medida que mais refeições são consumidas em casa.
O relatório também alertou que o La Niña no hemisfério sul – embora trazendo o potencial para fortalecer a temporada australiana – já está causando seca no sul do Brasil e na Argentina, e a gravidade do evento pode impactar a produção de lácteos.
Com informações da Milkpoint.